“Whiplash - Nos limites” e a Alta Performance no Imobiliário
- marinaferreiracoac
- 2 de jul.
- 3 min de leitura
Onde termina a exigência e começa a excelência?

Andrew é um jovem baterista, que sonha fazer carreira no mundo do jazz. Metódico e perfecionista, desde muito pequeno que deseja entrar como aluno na Shaffer Conservatory of Music, uma das mais conceituadas escolas de música do país. Depois de chamar a atenção do respeitado mestre do jazz Terence Fletcher, Andrew entra para a orquestra principal do conservatório de Shaffer. Entretanto, a convivência com Fletcher faz Andrew transformar o seu sonho em obsessão, fazendo de tudo para chegar ao mais alto nível como músico, mesmo que isso coloque em risco o seu relacionamento com a namorada e a sua saúde física e mental.
Quantas semelhanças com o dia a dia de um consultor ou broker no mercado imobiliário?
Quem viu o filme “Whiplash - nos limites” dificilmente esquece a intensidade de Fletcher, o professor implacável que leva os seus alunos ao limite em nome da perfeição.
No entanto será que a alta performance justifica tudo? E no imobiliário, o que significa realmente estar em alta performance?
Esta pergunta surge cada vez mais em sessões de mentoria com consultores ambiciosos, determinados,… e exaustos.
Trabalham 7 dias por semana, vivem com o telefone na mão, acumulam visitas a proprietários e com clientes compradores, reuniões e follow-ups.
Porém, continuam a sentir que não chegam a todo o lado e nem onde querem.
1. Alta performance não é estar sempre no máximo, é estar ao controlo
No filme, o jovem baterista persegue a aprovação do mentor com um nível de entrega absoluto. O desafio presente será sempre o mesmo, e neste caso ele perde o equilíbrio pessoal no processo.
No imobiliário, o mesmo acontece com quem confunde esforço com estratégia. Fazer, fazer raramente corresponde ao Ser.
A alta performance neste mercado exige efetuar escolhas conscientes. Não pode ser dizer sim a tudo. É, seguramente sobre saber quando dizer não e dizê-lo.
Dizer não a reuniões mal preparadas, a visitas sem qualificação, a follow up telefónico ao cliente sem envio de informação de suporte e sem preparação, a pedidos de colegas sem consistência, a tarefas inacabadas, a sobreposição de tarefas, a falta de gestão de prioridades,… e poderíamos continuar a enumerar.
No outro lado das escolhas queremos agir com foco, com intenção e com sistemas e metodologia que funcionam, personalizadas ao seu perfil comportamental, à sua visão, aos seus valores, para que as mudanças tenham consistência e sejam permanentes e eficazes.
Não é trabalhar mais, é trabalhar melhor.
O chavão que deveria ser mantra, estar escrito e espalhado pelo nosso dia como um lembrete para uma vida mais equilibrada e feliz, e, claro está, com mais e melhores resultados.
2. O mercado premeia consistência, não impulsividade
“Whiplash - nos limites” mostra que talento sem direção rapidamente se transforma em frustração.
No setor imobiliário, muitos consultores têm conhecimento, energia e vontade…
No entanto, falham por falta de estrutura e planeamento.
Não sabem priorizar tarefas, não seguem um plano de prospeção regular, não cultivam hábitos de rotina de trabalho inteligente.
Alta performance nasce de hábitos consolidados e não de picos de energia.
3. Liderança e mentoria: a diferença entre pressão e construção
Fletcher, o professor, acredita que só se atinge o topo com pressão extrema, stress extremo para atingir resultados extraordinários.
Porém, o verdadeiro mentor deve elevar sem destruir.
Durante os programas de mentoria, o meu trabalho desenvolve-se, precisamente, nesta diferenciação de abordagem. Criar desafios que expandem, dar estrutura que sustenta, modelar sistemas de trabalho que estão testados e personalizá-los.
E, ajudar cada consultor a desenvolver um mindset que suporta crescimento… sem esgotamento.
Por isso, Alta performance sustentável exige liderança interior. Nem sempre é uma competência inata, maior parte das vezes é adquirida. E, treinada, claro.
Conclusão
“Whiplash - nos limites” mostra o preço da obsessão por resultados sem equilíbrio. E ao fazer o paralelismo para o nosso setor imobiliário, este também é deveras exigente. Exige muita clareza.
Clareza de objetivos, de processos, de mentalidade, de caminho, de provas dadas, de exemplificação e de credibilidade.
Quem quer crescer neste mercado, precisa de mais do que pressão externa e/ou interna. Precisa de autoconsciência, inteligência emocional e sistemas de performance concretos.
Porque o verdadeiro sucesso não vem do excesso, vem da disciplina aplicada com propósito e visão.
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